Os resquícios da mente prodigiosa de menino traz-me à lembrança o cotidiano da Rua Aurelino Leal, Remanso antigo, mais conhecida como Rua de Cima, onde moravam muitos amigos, inclusive D. Delza Gonçalves. E lembro-me da sua labuta comandando família extensa e jovem, assumindo atividades e negócios familiares por conta da viuvez inesperada.
A curiosidade de menino possibilitou-me acompanhar a labuta da mulher falante e ativa, vereadora municipal, raridade naquela época. Sobreviveu ao Remanso velho e viu o alvorecer da nova cidade. A labuta do recomeço possibilitou olhar o futuro com esperanças. Os filhos cresceram, constituíram família. Teve a felicidade de cercar-se do carinho de muita gente. O tempo passando, a vida se esvaindo até o dia da partida. E saiu no Facebook vindo de Nildete Unias:
— Gente, acaba de falecer uma pessoa muito querida em Remanso!
Era D. Delza, a quem o Remanso todo desejou o descanso eterno. Mas, o que é o descanso eterno?
Respondo citando passagem do meu livro O Purgatório de Eduardo: É a quietude do tempo, o diáfano, o branco, o incolor, a paz espiritual do dever cumprido. É não se envolver com qualquer coisa. O prazer de se sentir leve, flutuando, feliz, realizada. Prazerosamente envolta na penumbra, na clausura branca de quem não deve e nada teme. É o ambiente dos céus, etéreo, bonito, clima adequado ao estado de espírito. Nem vivo nem morto, mas, feliz eternamente…
É essa paz celestial, à direita do Pai, que lhe desejo dona Delza. Aos filhos, genros, netos e demais parentes, a confiança e a resignação.
Abraço afetuoso de Astrogildo Miag e Célia