A Santa do Pau Oco inicia quando as Legionárias de Maria resolvem fazer uma grande promessa para que as chuvas voltassem a cair no município de Remanso, no polígono das secas na Bahia. Prometem rezar três mil terços em 24 horas, na igreja matriz da cidade. Assim, após a novena das 19h iniciam o pagamento da promessa. Durante a madrugada, já tendo rezado mais de 1.200 terços, aparece-lhes uma visagem trocando as flores dos jarros do altar-mor. As legionárias em oração reconhecem a visão como sendo a Virgem Maria. No outro dia, toda a população discute os acontecimentos. O pároco, então, resolve convocar as autoridades municipais, do juiz ao diretor do ginásio, para conhecerem e discutirem os acontecimentos, gerando, ao final, uma ata acerca de tudo constatado, que seria levado ao bispo diocesano e ao santo Papa, em Roma, informando o aparecimento da Virgem. A expectativa era o município transformar-se em destino de romarias. Depois de muito humor e ironia, descobre-se que a visão aparecera mesmo, mas, não a santa. Era, como diz o povo, uma santa do pau oco.
São tantos os acontecimentos inusitados que tornam dificultoso uma síntese da história narrada no livro. Segundo o professor J. Simões, Doutor em Educação e Escritor, em resenha sobre a Santa do Pau, o livro “é uma narrativa carregada de humor, uma sátira ao comportamento humano. Os personagens são tipos, verdadeiros representantes dessas figuras ímpares que vivem no nosso imaginário e memória. Ocorrem fatos os mais variados sempre envolvendo problemas humanos, o que torna o livro uma análise psicológico e social desses agrupamentos humanos. Há vencedores e vencidos, os espertos — ou que se acham iluminados. E tudo emaranha-se em vivências, atitudes, estratégias políticas e resistência às fatalidades.
A trama é engraçada, lírica emotiva. O maior mérito é a habilidade do autor em trabalhar as palavras, retratar fatos, reproduzir falas – diálogos que engendram a trama e a tornam envolvente e forte. É uma narrativa fácil, predominantemente dialogada com a expressividade dos personagens interioranos, vocabulário regionalista que demonstra nesses “falares” a astúcia e sagacidade desses “simplórios” que constroem suas vidas com dificuldade. Tudo no livro torna-se hilário: o que é para ser triste, até mesmo um enterro, torna-se cenário de ironia, de comportamentos e ações denunciadoras da brejeirice da alma daquela gente, com seus pensares característicos, suas histórias quase sempre tristes, mas que, pela forma narrativa, tornam-se engraçadas, motivando o riso do leitor.
A paisagem e a linguagem são regionais, mas os fatos são universais. A expressão “santa do pau oco” é de domínio público como qualificação de mulher que se apresenta santa (pura, casta) e, ao se verificar a realidade, de santa ela nada tem. É um livro para se conhecer a alma humana desses brasileiros simples, mas cheios de energia, de poesia e ação. É o retrato de um pedacinho do Brasil. É uma leitura agradável, leve, que leva o leitor ao riso, ao bom humor.
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