Astrogildo Miag, pseudônimo de Astrogildo Regis Barbosa, escritor, prosador e poeta. É autor dos seguintes romances, publicados entre 2003 e 2013: A Santa do Pau Oco, O Purgatório de Eduardo, Memórias de um Coroinha, Era uma vez um Comunista, O Legado da Loucura, Lampião, Governador de Brasília e O Homem que morreu Cinco Vezes, em 2013.
É baiano da velha Remanso, que desapareceu em decorrência da Barragem de Sobradinho. Na Escola Dom Bosco, professora Florinda Castelo Branco, consolidou o apego aos estudos; dali, ao Ginásio Rui Barbosa, de onde, como o povo diz, arribou em busca da formação educacional não possível em sua terra. Passou pelo Colégio Estadual Antonio Alves Filho/CEMAAF, em Petrolina, PE, e fixou-se em Salvador, BA, onde se diplomou em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Bahia. Em 2001, mudou-se para Brasília, onde concluiu o curso de Direito pela Universidade Católica de Brasília. É Servidor Público e ocupa a Cadeira 27 da Academia Taguatinguense de Letras.
Iniciou na Poesia aos dezesseis anos. Escreveu contos e crônicas até abraçar o gênero literário Romance. Publicou em 2003 A Santa do Pau Oco, que, segundo o jornalista Nilo Vaz, “é obra que a mão escreveu e a emoção ditou. O autor usa uma doçura persuasiva para atrair o leitor, lançando-o, vez ou outra, na condição de personagem, também. O autor mostra que sabe trabalhar com a ferramenta principal de sua obra: a palavra. Saber usá-las é um desafio. Nesta obra o autor não vem como promessa, mas pleno e realizado”.
Em 2004, veio O Purgatório de Eduardo, que, nas palavras do escritor Achel Tinoco, “é um passeio pelas calçadas das cidades interioranas brasileiras, onde, em noites enluaradas e calorentas, os vizinhos reúnem-se para contar e ouvir as mais emocionantes, estranhas e bonitas histórias de vida e de morte. Mais uma vez, o escritor leva-nos à cidade do fundo de sua alma e dá-nos de presente este lindo romance”.
Em 2005 entregou aos leitores Memórias de um Coroinha, relato da infância nos meses que antecedem a conclusão das obras da barragem de Sobradinho, que inundou quatro cidades, inclusive a sua própria. A intenção era fotografar a problemática da comunidade sob a sua ótica. O enredo baseia-se no desaparecimento da imagem da Padroeira e na desapropriação das terras que seriam inundadas pela barragem. Nas vésperas da grande festa de despedida da cidade, a imagem da Santa, ao retornar de serviços de restauração, é extraviada ao Estado de Mato Grosso. A partir daí, desenrola-se todo o enredo. O final surpreende.
Em 2007, edita seu quarto romance, Era uma vez um Comunista, ambientado em Salvador, onde o escritor residiu por mais de vinte anos. Aborda as mazelas que agridem o morador comum das grandes cidades. Mesmo relatando sofrimentos e dificuldades, o autor impregna a história de lirismo e humor, sua marca maior. Tendo como referenciais fatos do cotidiano brasileiro recente, o livro aborda questões de saúde pública, educação, segurança, habitação popular e preservação ambiental, direitos garantidos pela Constituição Federal e negados pelo cotidiano de um país, segundo o Escritor, vilipendiado pela corrupção, irresponsabilidade política e desapego da maioria das lideranças políticas com os interesses da sociedade.
Em 2008 apresentou aos leitores O Legado da Loucura, romance ambientado em Taguatinga, Distrito Federal. É uma história concretizada em um país irreal chamado Brasil. Mostra a hipocrisia humana e as mazelas dela decorrentes, através do relato da vida de um doente mental, personagem principal da história. Por se desenrolar em plena capital federal, à sombra de políticos capazes de tudo para obtenção e garantia do poder, é uma pérola de momentos e situações surrealistas. A vida do personagem principal passaria despercebida se o destino não lhe criasse situações tão inusitadas. Foi o que aconteceu com José de Arimatéia Gusmão, o Zé Besta, personagem principal, um demente na capital federal. De repente, com a morte, transformou-se em centro de uma comédia, que é a disputa por sua “herança”, flagrante da miséria e da hipocrisia.
Lampião, Governador de Brasília, editado em 2009, é o sexto romance de Astrogildo Miag. A imaginação do escritor não tem limites. Envereda agora pelo sertão nordestino, encontra o capitão Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conduz até Brasília e o elege governador da capital. A marcha triunfal da Chapada Diamantina, na Bahia, até Brasília, é uma das mais irreais narrativas literárias, impregnada com a marca maior do escritor: humor e poesia. Segundo José Ferreira Simões, Professor, PHD em Educação e Escritor, “eu lírico, narrador, na simulação de um sonho, faz ressurgir Lampião, na Chapada Diamantina, com destino a Brasília, para combater o MST, implantar o Estado do Planalto Central e, secundariamente, impedir a transposição do Rio São Francisco. O romance entabula fatos picarescos numa sátira ao comportamento humano, especialmente no que tangue à mediocridade em relação à fama, fortuna e subserviência ao poder econômico e social. Lampião reaparece, sem mulheres no bando, mas detentor da fama de mito, o anti-herói que se torna herói. Como se não tivesse morrido, o cangaceiro se depara com o Brasil atual – situação em que ele está desatualizado, mas em nada mudou quanto às mazelas humanas: o puxa-saquismo, a corrupção, o machismo, a violência, a ambição/ganância, o levar vantagem, principalmente a financeira e a eleitoral. Acerca-se de assessores, seguidores e admiradores. Arrasta multidões. Por onde passa, provoca exasperações cômicas e ridículas, sempre se reportando ao que a História registra e ao que o folclore cultiva. Pelo que foi, em vida, ele ressurge em outra dimensão, mas com as mesmas caricaturas de cangaceiro e malfeitor benfeitor. Expõe o que há de pior na política, mas se rende a ela, elegendo-se governador de Brasília, numa constatação de que nem mesmo o “Rei do Cangaço” resistiu ao assédio do poder político. Tudo lhe é facilitado pela fama histórica que o tornou mito. Não deixando de ser o que era, causa medo, pavor, mas fica numa versão politicamente correta, faz um governo popular e honesto, mas resolve voltar à origem. É morto, nas mesmas circunstâncias históricas, segundo os relatos, e o sonho acaba”.
Em 2013, Astrogildo Miag apresenta o livro de contos O Homem que Morreu Cinco Vezes, onde reafirma a característica da sua obra: o irreal e o inconsciente apresentados com lirismo e humor, não raramente destituídos da razão e da lógica triviais. Neste livro, aborda a quimera e impotência do homem, a exemplo do beato Vivaldo de Jesus, que obra milagres a partir do equilíbrio e da preservação da natureza. Traz a crítica social em A guerra, disputa entre Brasil e Canadá pela hegemonia no mercado de pequenas aeronaves. E Os primeiros contatos com os macacos falantes, na Foz do Rio São Manuel, que só existem na mente do Escritor? O cavalo selado mostra que nem as pequenas comunidades salvam-se da violência; menos ainda as grandes cidades, a exemplo da não tão irreal História do carro vermelho. Sempre a bordo de histórias hilariantes, em O terremoto mostra o abalo sísmico do Haiti, cotejando-o com o abalo político ocorrido na capital federal, quando o governador teve o mandato cassado. Amarildo e Índio da Amazônia registra a história de artista mambembe, cuja atração principal era um jacaré com mais de cinco metros de cumprimento, que devorou o próprio artista em plena apresentação. E a paranoia de alguém só dormir sentado em vaso sanitário, de preferência nas casas alheias? Pois, O homem do sanitário é um dos personagens irreais de Astrogildo Miag, assim como Genésio, o come rato e outros. Relata até o nascimento do MST: “O batalhão de trabalhadores sem terra munidos de picaretas, enxadas e facões, bandeiras vermelhas simbolizando o sangue derramado, entra silenciosamente nas cidades à procura dos culpados pela mortandade de seus antepassados. Enquanto não os encontram, como tática de guerra, vão plantando acampamentos aqui, ali e acolá até o dia do juízo final”. Quem seriam os culpados e qual seria a mortandade? A resposta encontra-se em Os primórdios do Movimento dos Trabalhadores sem Terra. A interrogação acerca do título é inevitável e eis a resposta: cinco dos contos têm como conteúdo e tema principal a quimera de supostas mortes do escritor, distribuídas ao longo do livro. Daí, O Homem que Morreu Cinco Vezes.
Os livros de Astrogildo Miag podem ser encontrados nas principais livrarias ou diretamente neste site.
No formato e-book, na página da Livraria Saraiva.
Parabéns Tio por mais esta conquista!
O escritor da família, o orgulho de todos nós.
Dia 17.10.13 estarei presente para mais uma vitória. Muito sucesso. Beijo
Obrigado, querida sobrinha Maria Eugênia, pelas palavras carinhosas.
É um orgulho para o Brasil e para Remanso em particular ter um literato de raro talento, de uma sensibilidade formidável, sobretudo com a vivência em sua terra natal.
Olá, João! Obrigado pelas palavras. São essas referências que nos fazem avançar sempre em busca do melhor. Remanso está na nossa alma. Sempre. Abração, Astrogildo Miag.
Muito show de bola esse artigo, gostei. Parabéns pelo blog, vou passar a acompanhar. Já ganhou um seguidor!
Sucesso!
Olá, Andrade! Obrigado pelas palavras e pelo apoio. Continuamos firmes! Abraço do Astrogildo Miag.