RESENHA CRÍTICA

 

BARBOSA, Astrogildo Régis (Astrogildo Miag). Lampião, governador de Brasília. Editora do Autor, Brasília – DF, 2009, 252pp.

 

Astrogildo Miag é baiano de Remanso, de onde veio à busca de vida melhor, mais digna. Passou pelos percalços dos migrantes, sem muita instrução escolar, sem profissão e sem em quê se apegar. Estudou, formou-se, venceu. Hoje é Advogado e servidor público do GDF, em função de alta responsabilidade. Escritor prosador, também é poeta.

O “eu” lírico, narrador, na simulação de um sonho, faz ressurgir Lampião, na Chapada Diamantina, com destino a Brasília, para combater o MST, implantar o Estado do Planalto Central e, secundariamente, impedir a transposição do Rio São Francisco. O romance entabula fatos picarescos numa sátira ao comportamento humano, especialmente no que tangue à mediocridade em relação à fama, à fortuna e à subserviência ao poder econômico e social. Lampião reaparece, sem mulheres no bando, mas detentor da fama de mito, o anti-herói que se torna herói. Como se não tivesse morrido, o cangaceiro se depara com o Brasil atual – situação em que ele está desatualizado, mas em nada mudou quanto às mazelas humanas: o puxa saco, a corrupção, o machismo, a violência, a ambição/ganância, o levar vantagem, principalmente a financeira e a eleitoral. Acerca-se de assessores, seguidores e admiradores. Arrasta multidões. Por onde passa, provoca exasperações cômicas e ridículas, sempre se reportando ao que a História registra e ao que o folclore cultiva. Pelo que foi, em vida, ele ressurge em outra dimensão, mas com as mesmas caricaturas de cangaceiro e mal-feitor bem-feitor. Expõe o que há de pior na política, mas se rende a ela, elegendo-se Governador de Brasília, numa constatação de que nem mesmo o “Rei do Cangaço” resistiu ao assédio do poder político. Tudo lhe é facilitado pela fama histórica que o tornou mito. Não deixando de ser o que era, causa medo, pavor, mas fica numa versão politicamente correta, faz um governo popular e honesto, mas resolve voltar à origem. É morto, nas mesmas circunstâncias históricas, segundo os relatos, e o sonho acaba.

Os objetivos da trama não se realizam, talvez para provar que a tese da honestidade, da firmeza de propósito e da defesa dos interesses do povo é inviável, porque a humanidade é corrupta e sem escrúpulos.

É um livro para leitura recreativa, em linguagem simples, coloquial, com alguns regionalismos nordestinos. A trama é linear, num encadeamento de fatos picarescos que engendram crítica social e muito humor sarcástico.

Não há contra-indicações, exceto para o mau-humor e para quem queira fazer dessa literatura despretensiosa um documentário ou um compêndio filosófico. Aqui não há tese ou ponto de vista: não se quer provar ou reprovar fatos ou idéias, apenas se expõem narrativas para que o leitor extraia o que lhe for peculiar.

José Ferreira Simões – J. Simões

Professor, PHD em Educação, Escritor.

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 Resposta à Resenha “Relembrando Lampião”, da Escritora Nadir Andrade:

Olá, Nadir;

Mais uma vez, peço-lhe desculpas pela demora em escrever-lhe acerca de uma das manifestações mais atenciosas que recebi: sua resenha sobre Lampião, governador de Brasília. Como já lhe adiantei, foi muito gratificante. A começar pela pronta interpretação do livro em si, como mídia concreta, quando se referiu aos caracteres da capa do mesmo. Pois, acertou em cheio. A capa foi criada com objetivo de refletir mesmo a sanguinolência e o caráter fúnebre que caracterizam hoje o capitão Virgulino, “o homem mais valente que o Brasil já teve”.

Gostei quando se referiu ao início do livro, “O autor e a ficção”. De fato, como Escritora você sabe, é difícil iniciar livro de ficção; pior, quando o personagem que gerou tantas histórias está morto desde o século passado e precisa “voltar” para protagonizar mais uma, agora sem pé e sem cabeça, surreal, que nasce de ficcionista visionário. Pois, com sinceridade, a parte mais difícil foi o início do livro. Pensei em muitas formas de ressuscitar o capitão Virgulino, inclusive utilizando da moderna ciência de reprodução, quando um simples fio de cabelo “pode” gerar um ser igual ao extinto possuidor. Por conta disso, pensei na possibilidade de alguém roubar um pedacinho dos restos mortais do Capitão, que por muitos anos ficaram macabramente expostos à visitação pública. Mas, aí veio a dificuldade: como ressuscitar os 37 cangaceiros se apenas uma parte deles tinha os despojos expostos no IML Nina Rodrigues?

Não restou alternativa senão recriar mentalmente, de uma só vez, na ficção. A maior dificuldade era descobrir a maneira de fazê-lo. O local da ressurreição foi a Chapada Diamantina por uma questão bem particular: o fascínio que a região e suas formações rochosas exercem sobre meu espírito e minha mente. Na sofreguidão de trazer Lampião á vida, vi-o perambulando no Morrão, na formação do Camelo, no Pai Inácio. Porém, foi na Serra da Mangabeira que o vi de forma plena. Então, parabéns pela sensibilidade capaz de visualizar o que só foi dito poeticamente, como a descrição do azul imenso da curva da Serra da Mangabeira.

No transcorrer da história procuramos misturar o real com o irreal, oportunidade única para referências às mazelas dos dias atuais. Daí criar personagens que representavam pessoas com atuação destacada em defesa de interesses coletivos, a exemplo do Bispo da Barra, dom “Capri”, referindo-me ao Bispo mesmo do Prelado da Barra, cidade que admiro e onde tenho grandes amigos. O Engº Manoel Bomfim(sic), que há pouco deixou nosso convício, um dos maiores estudiosos da questão das águas, também deu seu depoimento. O assaltante Paulo Animal, que tentou jogar o avião contra os cangaceiros, veio com objetivo de mostrar não ser Lampião um malfeitor comum. Entendo importante mesclar ficção com a realidade, de forma crítica, como sempre exercito nos meus livros.

As construções de linguagens que considerou “belíssimas e poéticas”, como a noite engoliu a beleza da Chapada, refletem a compreensão que tenho da região, um dos mais lindos recônditos da natureza, que, por tudo, precisa ser preservada. A Chapada Diamantina exerce verdadeiro fascínio sobre a minha pessoa. Concebo-a como manifestação suprema de seres de grande espiritualidade. Aliás, ainda quero ter a felicidade de escrever uma história surreal tendo como referencial este lugar maravilhoso.

Quanto aos personagens, Joana “tabaco furado”, conterrânea de Remanso, adequou-se a um dos momentos da história. A maioria dos nomes dos cangaceiros foi retirada dos relatos históricos do cangaço, floreados com características que identifiquei em pessoas que atualmente fazem parte do meu cotidiano, a exemplo de Beija-flor, Feião etc, porém, sem me afastar muito do histórico. A exceção foi o cangaceiro Enfezado, que não existiu no bando de Lampião. Criei-o em viagem com dois confrades da Academia de Letras de Taguatinga à Bienal do Livro de Salvador, homenagem a um deles por conta de acontecimentos inusitados no transcorrer da viagem.

A caracterização física dos homens do Capitão foi feita livremente pelo escritor, de acordo com sua percepção artística. A participação do padre Turíbio, de Bom Jesus da Lapa, do aleijado sem braços, vitima da Talidomida, de um catingueiro oferecendo um bode, da banda de pífanos, foi uma forma de denotar realismo ao relato.

Por fim, você criou o suspense e eu gostaria de saber, em sua opinião, qual seria o clímax do romance. Foram ótimas as suas referências. Pretendo, sim, realizar um périplo de lançamentos de Lampião nas cidades do percurso de Itaberaba até despontar em Brasília, na campanha vitoriosa do Capitão Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Abração do Astrogildo Miag.

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Caro, Astrogildo ou, “Cabra da Peste”, bom dia!

 Parabéns, parabéns e, parabéns. Adorei o livro LAMPIÃO GOVERNADOR DE BRASÍLIA, a sua imaginação foi estupenda, a riqueza de detalhes impressionante, e os personagens? o locutor de Xique-Xique Edilson Braga, os jornalista da Radio Zabelê de Remanso, Joana “tabaco furado”, José Alecrim, Jota Moriz, Pedro Olavo e tantos outros, que imaginação hein, meu irmão?

Ah! Esqueci de me apresentar, meu nome é Orlando Ferreira, você esteve em minha casa quando da estada de Carlos Santos “Carlito” em Brasília, e fui presenteado por um exemplar de “LAMPIÃO GOVERNADOR DE BRASÍLIA”, coincidentemente, na ocasião eu vestia uma camisa que fazia referência a Lampião, lembra-se?

Atenciosamente.

Orlando Ferreira.

 Apresentação

 

Brasília, capital do país, transmite a impressão de cidade polêmica por guardar em suas fronteiras as chefias dos poderes políticos do país. O simples anúncio do nome da capital é motivo para se torcer o nariz, com  a compreensão — errada — de que tudo que se refere a Brasília é ruim, perdulário ou ignoto.

A reação é injusta. Brasília, morada de mais de dois milhões de brasileiros, não deve ser confundida com a “Brasília, sede do Congresso Nacional”. Naquela, pululam (o trocadilho não foi proposital) pessoas trabalhadoras e cumpridoras dos seus ofícios, lado a lado com políticos de todo o país e portadores de muitas mazelas — embora  nem todos os políticos sejam portadores de mazelas. Não obstante, os políticos de Brasília cometem também seus pecados, a exemplo de arroubos de demagogia e desrespeito às práticas recomendáveis no trato da coisa pública.

Lampião, governador de Brasília reeditará epopeias triunfais do bandoleiro sobre cidades nordestinas, mandando, desmando e criando na imaginação um novo estado, o Estado do sertão, onde seria governador absoluto, independente e acima das leis da nação? Chegaria Lampião com a decisão resoluta de criar o estado do planalto central, como almeja boa parte dos políticos da capital, embora nenhum ostente publicamente?

Veremos a seguir, quando o capitão Virgulino Ferreira da Silva,  o Lampião, adentrar as terras do oeste do Brasil para uma visita à capital, levado por objetivos que nem mesmo o escritor sabe de antemão. Mas, certamente, gerará muitas confusões pelo caráter inusitado, fantasmagórico e mítico de Lampião e, também, pela ilusão que a capital federal ainda cria no brasileiro em geral.

Para começar, eis uma foto do bando de cangaceiros. Lampião monta o cavalo branco maior.

foto1

 

 

 O escritor e a ficção

 Iniciar livro de ficção é um tormento. Difícil justificar histórias sem pé e sem cabeça que brotam da imaginação. Sem querer, geralmente nas madrugadas modorrentas, quando o reflexo do sol expulsa  lentamente a escuridão da noite, sonhos estranhos me tomam a consciência e trazem histórias malucas. Para ilustrar, mês passado chegou-me ao subconsciente a história de alguém que já morrera vinte vezes e ainda continuava vivo. Pulei da cama! Como pode morrer vinte vezes e continuar vivo? Recusei-me ouvir a história passada pelo próprio morto-ressussitado, e corri ao banheiro para um banho frio.

Por último, apareceu-me o capitão Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, maior cangaceiro do Brasil. Cochichou sua história no meu ouvido. Respondi: Capitão, todos já conhecem sua vida, nada mais a falar. Deixe-me dormir. Pura verdade. Todos conhecem a história de Lampião, rasgando o chão de sete estados nordestinos carregando com mais de cinco quilos de ouro na bagagem.

A vida de Lampião povoou minha infância. O relato de que obrigara um subordinado comer um quilo de sal só porque dissera que a comida que recebiam de uma velhinha estava salgada, perturba-me até hoje a imaginação. E quando amarrou um soldado a um mandacaru para que confessasse, sob tortura, o roteiro das tropas policiais que perseguiam o cangaceiro? E a batalha em Paripiranga, na Bahia, presenciada pelo mascate Zé Antonio, que, daquela cidade, fugira  desorientado ao ver a valentia  e malvadeza dos cangaceiros?

Fui impelido a escrever sobre o cangaço, tema — embora palpitante — antigo e demais abordado na literatura, cinema e televisão. Porém, a força dos argumentos obrigaram-me a contar a história mirabolante da marcha triunfal de Lampião sobre  Brasília, em pleno século XXI. Alguém poderia indagar: Lampião não morreu em 1938, quando Brasília ainda nem existia?

 

Pura verdade. Sempre soube que o passado não se encontra com o futuro — entre ambos milita o presente, que será passado e “apresenta-se” sob a perspectiva de futuro. Mas, para a mente engenhosa do artista, tudo acontece mesmo, a depender do poder e força convincente dos personagens. Mas, convenhamos, Lampião ainda vive na memória do pobre que acalenta encontrar um cangaceiro que os livre da realidade capitaneada por governantes e políticos descompromissados com os interesses legítimos de um povo.

O nordeste brasileiro varado pelas forças do cangaço, carregado de injustiça social capaz de justificar o injustificável, já não existe. A questão climática deixou de ser variável impeditiva absoluta frente à evolução tecnológica. O antigo polo de miséria continua em grande extensão; mas, parte dele já se transforma em farturas alvissareiras. Porém, o mito “Lampião” permanece intocável no espírito nordestino e brasileiro. A intenção é abordá-lo, agora, sob a perspectiva do século XXI. Convido-o a esta viagem.

O Cangaço

Cangaceiros eram bandos armados que atuaram nos grotões de pobreza do nordeste brasileiro, no inicio do século XX, promovendo variadas manifestações de banditismo. Atacavam mascates, pequenos negociantes, invadiam povoados, vilas e até cidades em busca de mantimentos, dinheiro ou ouro. Sequestravam fazendeiros em troca de resgates, quando não extorquiam quantias certas em dinheiro através de simples bilhetes endereçados a quem as possuía.

Aos abastados restavam duas opções: respeitar e acatar os bandoleiros do cangaço, ou não  respeitá-los, o que trazia, de imediato, humilhação e sujeição às investidas violentas. Os submissos ganhavam “proteção”, certeza da não importunação pelo bando. Não raro, eram até “ajudados”, fazendo correr a fama que não eram maus e só atacavam ricos e soberbos. Ao adentrarem em uma localidade cantando “mulher rendeira”, que identificava o grupo, buscavam a simpatia dos moradores atirando-lhes moedas de pequeno valor.

A população vivia entre a cruz e a espada. Apoiasse o cangaceiro, submetia-se à perseguição das “volantes” policiais — caçavam os cangaceiros e, em maior medida, as riquezas que estes transportavam. Afirmava-se que Lampião não andava com menos de cinco quilos de ouro e milhares de contos de réis, hoje uma média fortuna.

 

O cangaceiro Lampião

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Virgulino Ferreira da Silva nasceu em junho de 1898 na antiga Vila Bela, hoje Serra Talhada, Pernambuco. Com a alcunha de Lampião ou Capitão Virgulino foi o mais famoso cangaceiro durante mais de duas décadas. Desmoralizou grandes operações militares organizadas para capturá-lo, bem como não valeram altas recompensas oferecidas pelo governo a quem o eliminasse. Ao contrário, a ineficiência das ações aumentava a aura de invencível, convertendo-o em herói, com espaço até na mídia internacional.

Mulato, esguio, forte, um metro e setenta, Lampião era capaz de atos de crueldade. Não raras vezes, sangrou inimigo enfiando longo punhal na veia jugular, como se fazia com um bode. Cortou língua de gente, decepou orelha e furou olhos. Certa vez, castrou um homem sob a alegação de que o mesmo precisava engordar. A crueldade lhe valeu a alcunha de “rei do cangaço”.

Contraditoriamente, era temente a Deus. Portava um rosário e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, sua madrinha. Carregava livros de orações e pregava fotos do Padre Cícero na roupa. Rezava ao levantar-se, acompanhado por todo o bando. Não por acaso, no dia da sua morte, ao raiar do dia, acabava de rezar o santo ofício. Em algumas localidades invadidas ia à igreja, onde costumava deixar donativos fartos, menos para São Benedito: era racista e dizia “onde já se viu negro ser santo?”. Supersticioso, andava com amuletos espalhados pela roupa e acreditava  ter o corpo fechado. De encontro ao machismo do nordestino, os cangaceiros enfeitavam-se com anéis, colares e lenços estampados de seda inglesa ou tafetá francês.

Apesar de bandido e perseguido pela polícia, Lampião e seu bando foram convocados para combater a Coluna Prestes, marcha comunista que cruzou o Brasil na década de 1920, comandada por Luiz Carlos Prestes. Recebeu a patente de capitão das mãos do Padre Cícero, em 1926; seus cangaceiros ganharam fardas e armas de última geração. Ainda se cruzaram com os comunistas de Prestes, mas a convocação não foi reconhecida oficialmente pelo governo federal, que continuou perseguindo-os, o que os fez retornar às atividades cangaceiras, agora bem armados.

 

Em 1929, conheceu Maria Déa, a Maria Bonita, mulher do sapateiro José Neném, de Jeremoabo, na Bahia. Com dezenove anos e apaixonada, pediu para acompanhá-lo. Lampião concordou.

 A morte do cangaço

            Lampião morreu em 28 de julho de 1938, na Fazenda Angico, Sergipe, emboscado por cerca de cinquenta policiais de Alagoas, comandados pelo tenente João Bezerra. O combate durou pouco, ante a vantagem de Bezerra dispor de quatro metralhadoras. Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros foram mortos e degolados. Após, salgaram as cabeças e colocaram em latas “de querosene” contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e abandonados viraram  comida de urubus. As cabeças foram expostas nas escadarias da igreja de Santana do Ipanema; de lá, foram conduzidas a Maceió e Salvador, onde, insepultas, no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, ficaram expostas ao público até 1969.

Na ocasião, Lampião transportava mais de cinco quilos de ouro e quantia em dinheiro equivalente hoje a 600 mil reais. Só no chapéu de couro o cangaceiro ostentava setenta  pelas de ouro puro.

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As próximas páginas mostrarão a marcha de Lampião desde seu aparecimento na Chapada Diamantina, Bahia, até  Brasília, capital federal, para  combater o MST e fundar o estado do planalto central em terras do oeste do país.

Não realizou nenhum dos objetivos, mas transformou-se no maior fenômeno político e eleitoral que se tem notícias no Brasil, até hoje venerado pela memória dos moradores da capital federal.

 

 

 


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