Na simulação de um sonho o Escritor faz ressurgir o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, na Chapada Diamantina, Bahia, com destino a Brasília, para combater o MST, criar o estado do Planalto Central e, secundariamente, impedir a transposição do Rio São Francisco. O romance entabula fatos picarescos em sátira ao comportamento humano, especialmente a mediocridade em relação à fama, fortuna e subserviência ao poder econômico e social.
Lampião reaparece, sem mulheres no bando, mas, detentor da fama de mito, o anti-herói que se torna herói. Como se não tivesse morrido, o cangaceiro se depara com o Brasil atual, no qual está desatualizado, mas, nada mudou em relação às mazelas humanas: puxa-saquismo, corrupção, machismo, violência, ambição/ganância e o levar vantagens, sobretudo financeira e a eleitoral. Acerca-se de assessores, seguidores e admiradores. Arrasta multidões. Por onde passa, provoca exasperações cômicas e ridículas, sempre se reportando ao que a História registra e o folclore cultiva. Pelo que foi, em vida, ressurge em outra dimensão, porém, com as mesmas caricaturas de cangaceiro e malfeitor/benfeitor. Expõe o que há de pior na política, mas se rende a ela, elegendo-se Governador de Brasília, com apoio do conterrâneo Luiz Povo da Silva, então presidente da república e seu conterrâneo pernambucano. Constatação de que nem mesmo o “Rei do Cangaço” resistiu ao assédio do poder político. Tudo lhe é facilitado pela fama histórica que o tornou mito. Não deixando de ser o que era, causa medo e pavor, embora apresentado em uma versão politicamente correta. Realiza um governo popular e honesto; aclamado pelo povo para reeleição, não aceita. Decide retornar ao sertão de Pernambuco e é morto nas mesmas circunstâncias históricas, segundo os relatos. E o sonho acaba…
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