É importante registrar o caráter de veracidade de Era uma vez um Comunista, sombreado por acontecimentos reais do calendário histórico do Brasil. Espelha parte da minha vida — talvez a mais importante, feliz e difícil ao mesmo tempo — e deve ser apresentado de duas formas. Primeiro: Como concretização do inconsciente do escritor, manifestação da inspiração e sensibilidade artística. Aqui, permitimo-nos o embaralhamento de situações díspares, tendo como referenciais o cotidiano de um condomínio residencial classe média e a Copa do Mundo de futebol realizada na França, em 1998. Segundo: Como manifestação consciente do cidadão frente aos inumeráveis problemas do brasileiro comum, sobretudo o desrespeito à dignidade humana.
O livro aborda questões relacionadas com saúde pública, educação, segurança, habitação popular, emprego e preservação ambiental — direitos garantidos pela Constituição e negados pelo cotidiano. Mostramos flagrantes da atuação político-partidária como elemento — não de libertação, mas — de opressão e manutenção da exploração sobre o cidadão.
O referencial espacial do relato é o Condomínio Residencial dos Colibris, especialmente o edifício Araratuba, bairro Imbuí, em Salvador, Bahia, onde ficaram vinte anos da minha vida.